segunda-feira, 29 de julho de 2013

Análise: Animal Crossing: New Leaf

CONSIDERAÇÕES

Hoje uma das mais poderosas marcas da Nintendo, a série "Animal Crossing" só alcançou seu potencial pleno quando entrou no âmbito portátil. Antes de "Wild World" debutar no DS - e mesmo no Wii -, o jogo parecia fora de seu habitat natural. Com um ritmo leve porém constante, ele brilha quando pode ser acessado rapidamente em qualquer lugar, e não quando está preso a um console de mesa.

"New Leaf" demarca a evolução lógica da franquia. As capacidades do 3DS permitem ao jogo combinar a portabilidade de "Wild World" com uma apresentação gráfica digna dos consoles, sem que concessões precisassem ser feitas em termos de conteúdo. E ele é, sim, o melhor, mais belo e maior "Animal Crossing".

Novos objetivos, itens, personagens, opções de personalização e mecânicas de multiplayer representam a 'carne' de "New Leaf" que, mesmo empanturrado, não engordou. Apesar de todos os acréscimos, a experiência básica da série permanece intocada, fluindo com a leveza de sempre e envolvendo os jogadores sem nunca lhes cobrar nada além de alguns minutos diários de atenção.

Recheado até a borda de charme e bom humor, "Animal Crossing: New Leaf" é o game que merece estar na coleção de todos os donos de um 3DS, e que ensina aos jogadores o prazer de aproveitar as pequenas coisas da vida. Várias delas. Em rápida sucessão. O tempo todo.
  • Animal Crossing 3DS
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INTRODUÇÃO

Mais do que um simulador de vida, "Animal Crossing" é um game no qual os jogadores ganham uma vida paralela. Transportados para uma vila rural completamente personalizável, eles assumem o papel de um humano em meio a uma população de animais antropomorfizados. Completamente livre, esse personagem pode levar seus dias da forma que desejar - seja caçando insetos, coletando fósseis, mobiliando sua casa ou acumulando dinheiro para pagar os empréstimos que colocaram um teto sobre sua cabeça. Ou fazendo tudo isso ao mesmo tempo.

A série diferencia-se do resto do ramo social por se apoiar completamente na passagem de tempo do mundo real. Mesmo que seu 3DS esteja desligado, o tempo está passando no mundo de "New Leaf". No final da tarde, o Sol se põe e os habitantes do vilarejo preparam-se para dormir, enquanto insetos começam a cantar e os donos de estabelecimentos fecham suas portas após mais um dia de trabalho.

O grande apelo da experiência "Animal Crossing" é o fato de que ela pode ser aproveitada no ritmo que o jogador quiser. Teoricamente, ele tem suas obrigações - como, no caso de "New Leaf", cuidar das leis e de construções de projetos públicos no papel de prefeito -, mas pode negligenciá-las para passar um dia bronzeando-se em uma ilha tropical, se assim desejar, sem perder nada.

"New Leaf" é 'mais do mesmo', recriando a mesma fórmula vista anteriormente em outras plataformas Nintendo no 3DS, mas desta vez com mais conteúdo e gráficos mais belos do que antes, e com o acréscimo de mecânicas inéditas e outras antigas que foram esquecidas no DS e no Wii.

PONTOS POSITIVOS

  • Jogabilidade viciante
  • "Animal Crossing" é um jogo perigoso, que vicia com sutileza. Quinze minutos investidos em uma manhã, mais vinte na pausa do almoço, uma horinha de noite... E pronto. O vício está instalado.

    A origem de sua natureza viciante está em seu caráter minimalista, que serve apenas para esconder a complexidade das maquinações que ocorrem por trás das cortinas. A aparição de um inseto raro em uma árvore, por exemplo, pode parecer mero produto do acaso para um jogador que está apenas vagando sem rumo por seu vilarejo. Na realidade, porém, ele está lá apenas porque a noite está caindo, porque não está chovendo e porque é verão. Mas essas informações não são jogadas na cara do jogador. As coisas simplesmente acontecem.

    E 'coisas' acontecem o tempo inteiro. Um presente surge voando pelo cenário pendurado em um balão. Uma tenda com uma pantera que vê o futuro é montada na praça. Uma gaivota exploradora é encontrada desmaiada na praia. Um habitante da vila surpreende com uma frase engraçada. Exemplos de descobertas não faltam.

    E essa é a palavra-chave: descobertas. O prazer que "Animal Crossing" transmite vem do constante fluxo de surpresas que ele apresenta aos jogadores. Estes constantemente deparam-se com coisas novas por todos os lados, mesmo depois de firmar uma rotina diária dentro do game. E como o jogo segue o calendário do mundo real, existe a garantia de que ele terá novidades diárias por pelo menos um ano a partir do momento em que ele for ligado pela primeira vez.

    De certa forma, "Animal Crossing" tem a mesma proposta básica de um jogo social de Facebook a la "Farmville". É preciso esperar tempo no mundo real para prosseguir em alguns de seus aspectos. A diferença é que "New Leaf" tem tantos sistemas simultâneos recompensando o jogador a todo momento que sempre há motivações para continuar jogando. Ele tem o lado positivo dos jogos sociais - o de poder ser jogado em curtos intervalos -, mas também pode ser experimentado em longas doses diárias.
  • Muito conteúdo
  • Em "New Leaf", sempre há muito o que fazer - mesmo nos dias mais parados. Um jogador pode ocupar-se de mobiliar sua casa, por exemplo, saindo à procura de uma série específica de móveis para treinar suas habilidades de designer de interiores. As opções de móveis disponíveis no jogo são infindáveis - e os métodos pelos quais eles podem ser obtidos também. Eles podem ser presenteados, trocados, escavados, montados, obtidos a partir de um catálogo, comprados e até mesmo cair de árvores.

    Com os objetos desejados no inventário, o jogador pode optar por colocá-los em um canto específico de sua casa para ganhar mais pontos com o sistema de Feng Shui. Com a sorte extra obtida pelo fluxo de energia positiva em seu lar, ele pode apostar a sorte no nascimento de várias flores híbridas, que podem ser trocadas com outros jogadores por roupas raras.

    As roupas raras podem então servir como presentes para outros habitantes de seu vilarejo, que darão em troca um tapete igualmente raro...

    E por aí vai, sem nunca terminar. Aparentemente simples na superfície, "New Leaf" tem dezenas de sistemas, visíveis e invisíveis, que afetam o progresso dos jogadores percebam eles ou não. Com o tempo, eles ganham evidência, e então nasce a vontade de explorá-los. E com isso, as horas de jogo vão se acumulando sem que o cansaço acompanhe, já que sempre existem descobertas a serem feitas.
  • Vilarejo personalizável
  • Em termos de mecânicas inéditas, a maior novidade que separa "New Leaf" de seus predecessores é seu maior foco na personalização do vilarejo.

    Ao pisar fora do trem pela primeira vez, o protagonista é confundido com o novo prefeito da cidade pela secretária canina Isabelle. A partir daí, caem no colo do jogador todas as responsabilidades do cargo executivo, que giram em torno da manutenção da felicidade dos habitantes do vilarejo. E o apoio da população depende em grande parte da construção de novas estruturas, que vão desde as mais básicas, como postes de luz, fontes e hidrantes, até instalações complexas como postos policiais e uma boate.

    A liberdade para decretar a construção de projetos públicos dá aos jogadores a liberdade de alterar o espaço que cerca sua casa em um nível nunca antes visto na série. Já era possível alterar as texturas do chão com muito trabalho e perseverança - mas agora, até mesmo fãs que tiverem pouco tempo para dedicar ao game são capazes de conceder seu toque pessoal a seu vilarejo.

    O maior benefício disso é que as cidades tornam-se únicas. Visitar os vilarejos de seus amigos torna-se mais divertido, e moldar o seu para exibir o resultado de seu esforço aos outros também.
  • População divertida
  • De nada bastaria todo o conteúdo do mundo se "Animal Crossing" não tivesse um mundo intrigante e envolvente, repleto de personagens divertidos e de diálogos bem-humorados. Felizmente, assim como seus predecessores, "New Leaf" não deixa a desejar em nenhum desses aspectos.

    Os personagens carismáticos são o forte de "Animal Crossing". Todos os vilarejos no game contam com a presença de alguns ilustres - como o sovina Tom Nook, o músico K.K. Slider e o administrador do museu Blathers, além de outras dezenas de figuras conhecidas da série -, e também com habitantes únicos: os vizinhos. São 9 ou 10 animais antropomorfizados variados com personalidades e características próprias, selecionados a partir de uma lista de centenas.

    Pegue, por exemplo, Agent S, um esquilo fêmea que acha que é uma super-heroína. Por sua natureza agitada, ela fala muito e se esquece de pedidos feitos ao jogador com rapidez. Ela também tem uma tendência a ficar brava quando confrontada com a possibilidade de perder em uma competição. Além de personalidade e aparência únicas, Agent S também tem sua própria casa, mobiliada de acordo com suas preferências. E ela é apenas uma das centenas de personagens que podem ser encontradas nos vilarejos mundo afora.
  • Interação com outros jogadores
  • Pela definição oficial da Nintendo, "Animal Crossing" é um jogo de comunicação. E "New Leaf" é o jogo da série que mais oferece opções de comunicação entre jogadores, sejam eles amigos ou desconhecidos.

    É possível compartilhar criações em termos de designs por meio de 'QR Codes', ou então visitar as cidades de desconhecidos obtendo seus códigos na internet e 'sonhando' com eles em uma instalação chamada 'Dream Suite'. O jogo permite o compartilhamento de fotos por meio de redes sociais como Facebook, Twitter e Tumblr, e também a troca de designs de casas via StreetPass.

    Também existem, claro, opções de jogo online. Até três amigos podem ser convidados para seu vilarejo, e é possível também visitar os deles. Na nova ilha tropical, existem minigames de captura de insetos, caça ao tesouro, pesca e vários outros que podem ser experimentados em grupos de quatro. Estes, inclusive, podem ser jogados com desconhecidos através de uma afiliação ao chamado 'Club Tortimer'.

PONTOS NEGATIVOS

  • Estrutura online burocrática
  • O grande pecado de "New Leaf" é que sua estrutura online, apesar de robusta, ainda é limitada pelos mesmos aspectos burocráticos que tornava seu manuseio difícil no DS e no Wii.

    Para proteger seu público mais jovem, a Nintendo obriga que os jogadores troquem Friend Codes fora do jogo antes de se encontrarem dentro dele, e apesar de ter implementado um sistema de 'melhores amigos' pelo qual é possível saber quem está ou não online, ainda não oferece uma opção para habilitar visitas surpresa. Para visitar o vilarejo de um amigo, este precisa abrir os portões da estação - e o processo demora mais do que devia.

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