terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Games são influência para literatura, diz pesquisador


Games são influência para literatura, diz pesquisador

ALEXANDRE ORRICO
DE SÃO PAULO
Os games são uma nova forma artística, capaz de influenciar a maneira como produzimos literatura e outros tipos de arte.

Segundo Espen Aarseth, pesquisador nas áreas de games e cibertexto e professor fundador do Departamento de Informática Humanística da Universidade de Bergen (Noruega), os jogos eletrônicos servem de inspiração para a "literatura ergódica".

O termo trata de obras literárias interativas e não lineares, sem enredo com ordem de leitura predefinida --mecânicas típicas dos games.

Aarseth também acha que os videogames são um tipo de instrumento, com o qual os jogadores fazem performances artísticas, e um tipo de metamídia, que pode assimilar e emular poesia, pintura, música e cinema.

O professor estará em São Paulo na próxima sexta, para um debate sobre artes e games (veja abaixo). A Folha conversou com ele por e-mail e por videoconferência.

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O que é literatura ergódica?
É um termo que uso para explicar a literatura em que, por meio de alguma manipulação, a experiência com um determinado texto muda de leitor para leitor.

Por que você diz que esse tipo de literatura é influenciada pelos games?
Cada vez mais pessoas passam tempo em experiências lúdicas, exploratórias, competitivas ou simplesmente sociais, que são os games, em contraste com a literatura tradicional, passiva e linear. A popularidade dos jogos estimula a produção da literatura ergódica.


Em seu livro "Cibertexto", você cita iniciativas de literatura ergódica anteriores aos games, como o I-Ching ou os sonetos de Raymond Queneau. Se o conceito é antigo, o que mudou com os games?
É preciso frisar que a literatura ergódica não é nova, mas essas iniciativas foram pontuais e não tiveram impacto na cultura geral ao ponto de influenciar comportamentos e produtos -o contrário do que aconteceu com os games.

Como os games estão modificando as artes em geral?
A estética do game, como tema ou como forma, pode ser encontrada facilmente na literatura, no teatro, na música, nas séries de TV. Eles também se tornam ferramentas de marketing para os games.

Franquias de entretenimento estão cada vez mais focadas em personagens e mundos, para que esse conceito seja fácil de ser replicado em vários meios, incluindo, claro, games.

Você acha que videogames são uma forma de arte, assim como o cinema e a literatura?
Não somente games são arte mas também uma forma de metamídia, que pode assimilar e emular todas as artes prévias, como literatura, poesia, música, cinema etc.

É ainda um tipo de instrumento, já que os jogadores o usam para performances. Qual é a diferença entre um artista pintando um quadro e um jogador habilidoso gravando suas conquistas em vídeo e exibindo no YouTube?

SEMINÁRIOS DE GAMES

O pesquisador norueguês terá uma conversa sobre games, arte e cultura com o desenvolvedor de games Arthur Protasio e a professora doutora de semiótica Lucia Santaella no Itaú Cultural, na av. Paulista, 149, zona central de São Paulo, na próxima sexta-feira, às 20h30.

A mesa faz parte do 4º Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural, que acontece de quarta a sexta e pretende levantar questões sobre arte e cultura no século 21.
Em paralelo, de 4 a 6 de dezembro acontece a 6ª edição do MediaOn, seminário internacional de jornalismo on-line, que discutirá tecnologia e novas mídias. Os eventos são gratuitos, e as mesas dos dois eventos poderão ser vistas no site do Itaú Cultural

Para participar dos workshops do MediaOn, é preciso fazer se inscrever no site do Itaú Cultural. Para assistir às mesas (tanto do Media On quando do Rumos) basta apenas comparecer no local.

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