terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Projeto quer criar novo avião hipersônico


Apesar de uma viagem feita de avião ser consideravelmente menor do que aquela realizada por terra ou água, nós ainda não estamos satisfeitos com a velocidade a que as aeronaves podem chegar. Tanto que várias pesquisas estão sendo feitas para chegar a um nível além – algo que está prestes a se tornar realidade.
Um dos principais responsáveis pelos estudos que tentam tirar esse projeto do papel é a Agência Espacial Europeia, que pretende criar aviões de passageiros capazes de ultrapassar a velocidade do som em cinco vezes. Isso o tornaria seis vezes mais veloz que os modelos atuais.
Batizado de A2, o projeto da agência pretende superar as marcas obtidas até agora – inclusive o X-15, um híbrido de avião e míssil que, em 1960, ultrapassou a barreira do som por 90 segundos e pegou fogo em seguida – a partir de uma tecnologia bastante complexa. De acordo com o especialista em aerodinâmica da Imperial College London, Paul Bruce, o segredo está no chamado “Mach”.
No entanto, isso não quer dizer que, em suas próximas férias, você poderá ir de São Paulo a Tóquio em uma única manhã. De acordo com as previsões, o A2 só poderá ser uma realidade a partir do ano de 2040, principalmente por conta dos desafios que o instituto terá de vencer.
Problemas da aviação hipersônica
Segundo Bruce, o maior obstáculo está no fato de a física sofrer uma mudança a partir de 1.225 km/h – chamado na aeronáutica de Mach 1 –, principalmente porque os gases se comportam de maneira diferente da forma com que estamos habituados. Como o nível dos Machs altera à medida que a velocidade é dobrada e, a partir do Mach 5, há uma nova alteração da forma com que os elementos reagem, o problema fica ainda mais complexo.
Um ponto básico é o ar. Sabe aquelas máscaras que você vê pilotos usando em filmes? Basicamente, seria preciso que cada passageiro do avião utilizasse um equipamento semelhante para conseguir respirar.
 (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
O combustível é outro impasse, pois as empresas aéreas precisariam desenvolver motores capazes de se adaptar às novas condições. Atualmente, os aviões conseguem chegar a 913 km/h, o que seria um equivalente a um Mach 0,85. Para que o A2 pudesse ser realidade, os engenheiros precisariam criar um modo de fazer com que os equipamentos se adaptassem aos diferentes níveis de velocidade, indo do subsônico ao hipersônico.
Além disso, a aeronave precisa ser feita de um material especial para que ela não tenha o mesmo fim do X-15 e se incendeie nos céus por causa do atrito.
Por fim, o maior desafio da aviação não está somente em sua concepção, mas também em termos práticos. De acordo com o repórter da revista Business Traveller, Tom Otley, é preciso criar a necessidade dessa alta velocidade antes de colocá-la no mercado. Para ele, de nada adianta superar a barreira do som se os preços para isso são inacessíveis para a maioria dos passageiros.
A2 em 2013?
Para viabilizar o desenvolvimento do A2, foram liberados 10 milhões de euros — cerca de R$ 24 milhões no câmbio atual — para superar todos os desafios necessários. Em 2013, um comitê irá avaliar os progressos da Agência Espacial Europeia para decidir se o apoio será mantido.
Por isso, segundo o coordenador do projeto, Johan Steelant, será possível conferir os primeiros resultados da aviação hipersônica.


Nenhum comentário:

Postar um comentário